quinta-feira, 14 de junho de 2012

América portuguesa: Expansão e diversidade econômica

América portuguesa: Expansão e diversidade econômica
Economia e sociedadeAté que ponto nossa vida depende das condições materiais econômicas?
A vida de uma pessoa pode ser completamente diferente da vida de ¬outra pessoa que more na mesma cidade na mesma época, dadas as suas condições econômicas, educacionais e de classe social. E pode ter muitas semelhanças com a vida das pessoas de outros tempos.
Grande parte das características culturais das diferentes regiões brasileiras da atualidade resultou das condições da vida material e das atividades econômicas desenvolvidas ao longo da história colonial Neste capítulo, você poderá refletir sobre esses temas, no decorrer dos estudos sobre os acontecimentos políticos e econômicos do Brasil no período colonial.  

As invasões de Nações Européias

Desde a chegada de Cabral, o domínio português sobre sua colônia na America foi ameaçado por outros países europeus. Nem mesmo a instauração dos governos gerais em 1549 e a implantação bem sucedida do empreendimento açucareiro conseguiram afastar as incursões estrangeiras que, ao contrário aumentaram nos séculos XVI e XVII. A União Ibérica (1580 – 1640), período em que Portugal e suas colônias passaram a integrar as posses da Espanha, atraiu para o Brasil os inimigos europeus dos castelhanos, descontentes com sua hegemonia, sobretudo os franceses e holandeses.  

Os franceses, após terem realizado o contrabando de pau-brasil no litoral brasileiro no inicio do Início do século XVI fundaram, em 1555,uma colônia no Rio de Janeiro; a França Antártica. Foram expulsos pelo governador geral Mem de Sá, em 1567, mas intensificaram sua presença no nordeste brasileiro. Tentaram estabelecer no Maranhão uma nova colônia, a França Equinocial. Também essa tentativa fracassou. 

Em decorrência da União Ibérica, os holandeses estenderam sua inimizade pelos espanhóis as colônias do império português. Nos Países Baixos, que na época também incluíam o território da atual Bélgica, o desenvolvimento comercial e a adoção do protestantismo calvinista pela maioria da população levaram as elites mercantis flamengas a lutar pela au¬tonomia política diante do domínio espanhol e católi¬co. Em 1581, obtiveram a independência.

A luta com os Países Baixos enfraqueceu o poderio espanhol. Após uma trégua, os Países Baixos retomaram a ofensiva militar, fundando, em 1621, a Companhia das Índias Ocidentais, destinada a controlar o comércio do açúcar brasileiro e apossar-se dos domínios ibéricos na costa americana e africana. Depois de uma tentativa frustrada de invadir Salva¬dor, em 1630, os holandeses organizaram uma grande expedição que atacou a principal área açucareira da America portuguesa, a região de Olinda e Recife, onde permaneceram por quase 25 anos.

O domínio holandês na Colônia portuguesa estendeu-se desde o litoral do atual Maranhão até o território que hoje corresponde ao Sergipe. Para administrá-lo foi nomeado o conde Mauricio de Nassau, que permaneceu no cargo entre 1637 e 1644. Preocupado em normalizar a rica produção açuca¬reira, o conde conseguiu a colaboração de muitos senhores de engenho, concedendo-lhes emprésti¬mos que permitiram o aumento da produtividade. Ele também trouxe artistas e cientistas da Europa, concedeu liberdade de credo e modernizou Recife urbanisticamente.

Os últimos anos da administração de Nassau foram de muitas dificuldades. Com a queda de preço do açúcar no mercado europeu, perda de safras por incêndios, pragas e inundações e falência de muitos senhores.

A Companhia das Índias Ocidentais, apesar de todas essas dificuldades, determinou a cobrança integral das dívidas dos senhores de engenho, com juros elevados. Nassau, contrário as medidas e acusado de mau uso dos recursos, entregou o cargo, decidindo voltar a Europa. Com a saída de Nassau, aumentou o confronto dos senhores de engenho com a Com¬panhia. Antes mesmo que ele deixasse o Brasil, a luta ¬havia se intensificado no Maranhão, culminando com a expulsão dos holandeses de São Luis. A insurreição alastrou-se pelo nordeste, atingindo Pernambuco em 1645. Eclodiu então o movimento que expulsou definitivamente os holandeses, a Insurreição Pernambucana (1645-1654).

Inicialmente os colonos não contaram com a ajuda do reino de Portugal. Apenas depois das primeiras vitórias o movimento foi ganhando apoio e reforço metropolitanos. A luta, que tinha entre seus lideres negro Henrique Dias e o indígena Filipe Camarão, se fortaleceu com a adesão dos senhores de engenho às forças populares.

Os holandeses foram obrigados a concordar com a Paz de Haia, assinada em 1661. Sob intermediação inglesa, reconheceram o domínio colonial luso em troca de uma indenização. Simultaneamente, aumentavam os vínculos entre Portugal e Inglaterra.
Expulsos do nordeste brasileiro, os holandeses implantaram a empresa açucareira em seus domínios coloniais nas Antilhas, a partir de onde passaram a concorrer com vantagem sobre o açúcar brasileiro, já que eles haviam aprendido as técnicas de cultivo da cana e de produção do açúcar. Isso provocou a primeira crise da economia colonial, levando o nordeste à perda de sua supremacia econômica na Colônia.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

O Crescente Fértil






















Os gregos e a mitificação do Nilo

O Egito sempre chamou a atenção de diferentes povos por sua paisagem singular, sua fauna e flora surpreendentes e por seus impressionantes monumentos. Apesar dos contatos do Egito com o Mediterrâneo Oriental serem milenar, foram os gregos que iniciaram o processo de mitificação do Egito. Por volta de 450 a.C , o historiador grego Heródoto se dirigiu ao Delta do Rio Nilo para recolher material que utilizaria em seu livro de Histórias, em que procurava explicar a luta de gregos e persas remontando aos costumes e tradições dos povos orientais, com destaque para o Egito. Os gregos se surpreenderam com o regime das cheias do Nilo, com o sistema de escrita, que acreditaram ocultar verdades sagradas – por isso o nome hieróglifos, do grego hiero "sagrado" e glifos "escrita" – e com seus ritos funerários, que contribuíram para despertar assombro e admiração. Heródoto ficou impressionado com a cheia do Nilo e com sua importância para a agricultura egípcia. Em seu texto mais conhecido sobre o Nilo escreveu o seguinte:


"Em todo o mundo, ninguém obtém os frutos da terra com tão pouco trabalho. Não se cansam a sulcar a terra com arado ou a enxada, nem têm nenhum dos trabalhos que todos os homens têm para garantir as colheitas. O rio sobe, irriga os campos e, depois de os ter irrigado, torna a baixar. Então, cada um semeia o seu campo e nele introduz os porcos para que as sementes penetrem na terra; depois, só tem de aguardar o período da colheita. Os porcos também lhe servem para debulhar o trigo, que é depois transportado para o celeiro". Heródoto, 2,14.


Outro autor grego, Diodoro, por seu lado, declara que o Nilo supera todos os rios do mundo pelos benefícios que trazia ao Egito:


"A maior parte deles lança apenas a semente, leva os rebanhos para os campos e eles enterram as sementes: quatro ou cinco meses depois, o camponês regressa e faz a colheita. Alguns camponeses servem-se de arados leves, que removem apenas a superfície do solo umedecido e depois colhem grandes quantidades de cereal sem grande despesa ou esforço. De uma forma geral, entre os outros povos, todo o tipo de trabalho agrícola comporta grandes despesas e canseiras; entre os egípcios é que a colheita se faz com poucos meios e pouco trabalho". Diodoro Sículo, 1,36.


O fato de Diodoro e Heródoto se impressionarem com o imenso rio, não era estranho, já que a Grécia era uma terra essencialmente árida e seca, onde a prática da agricultura consistia em esforço digno de Titãs. O que os gregos, nem os egípcios, sabiam era que a cheia ocorria em função de chuvas na África tropical e do degelo nas terras altas etíopes.



  • A cheia ocorria em junho em Assuã e, como não eram detidas as águas por barragens ou diques, dirigiam-se para o norte, atingindo Mênfis, cerca de 3 semanas depois.
  • Antes disso, cobria terras aráveis por meio de um processo de infiltração.
  • De agosto a setembro, todo o Vale do Nilo encontrava-se inundado e,
  • Em outubro, o nível das águas baixava, deixando o solo úmido e coberto de uma lama cheia de detritos orgânicos e de sais minerais.
    Durante todo esse processo de inundação, o trabalho do camponês era fundamental e diante do espetáculo causado pelas cheias, escapou, ao olhar de Heródoto, as dificuldades e a lida do camponês na limpeza dos canais, na semeadura e na colheita, durante os trabalhos agrícolas.

    Assim, a imagem mítica do Egito, entre os gregos, deveu-se à admiração pela cheia do Nilo e ao extraordinário poder gerador de vida que resultava da fertilização, considerada quase mágica, do solo às margens do rio Nilo. Desde o início, o interesse pelo Egito revestia-se de um caráter misterioso, derivado da imensa fecundidade da natureza egípcia e que obscurecia a importância do trabalho humano na valorização dos benefícios das cheias.


    A expedição napoleônica, a egiptomania e a egiptologiaA expedição napoleônica ao Egito marca a passagem do conhecimento indireto do Egito para a informação direta, marcando a chamada pré-egiptologia (Heródoto, Diodoro da Sicília, Estrabão, Manetôn). O Egito era para França e para a Europa uma terra desconhecida. Sobre ela havia notícias sobre botânica, geologia e arquitetura, a expedição tinha como objetivo fazer uma descrição científica do vale do Nilo. A nau capitã, chamada O Oriente, levava uma pequena biblioteca e alguns estudiosos do tema. A fundação do Instituto Nacional do Egito, em agosto de 1798, é uma das marcas da expedição do imperador francês Napoleão Bonaparte ao Egito. A piblicação, em 1812, da Description de l'Egypte, resultado das pesquisas feitas pelos franceses, obra com:
  • 12 volumes
  • 4000 páginas
  • 3000 ilustrações,
    resultou em um desenfreado colecionismo. A obra aborda temas de astronomia, agricultura, instrumentos musicais, geografia, clima, flora, fauna, artes, ofícios, usos e costumes. As peças egípcias, que antes eram reunidas pela simples curiosidade ao estranho e ao exótico, passam a ter interesse cultural.

    A criação se seções egípcias em museus da Itália, França, Alemanha, Áustria, Inglaterra, Suécia, Rússia e nos EUA é um dos reflexos da publicação da Description l'Egypte. Aliada à criação das seções egípcias, assistimos à produção acadêmica, à formulação de catálogos e ao aumento de bibliotecas especializadas. As viagens ao Egito e a divulgação de imagens, litografias, relatos de usos e costumes leva a uma vasta reutilização de motivos do Antigo Egito para a criação de objetos e narrativas contemporâneos. Egiptomania, revificação egípcia, estilo do Nilo, faraonismo, passam a expressar o mesmo fenômeno. As primeiras universidades que instituem os cursos de egiptologia, na estrutura curricular foram:


    1. Sorbone em Paris,
    2. Universidade de Berlim na Alemanha,
    3. Oxford e Londres na Inglaterra e
    4. Universidade de Pisa na Itália
    Nos últimos 200 anos, a egiptologia tornou-se uma disciplina científica que é estudada em todos os continentes, com dezenas de universidades envolvidas e com pesquisas a partir de abordagens mais variadas, em diversos contextos. Na América Latina, destacam-se pesquisas do Uruguai, Argentina, com trabalhos arqueológicos de campo no Egito, e do Brasil.


    Palavras usadas:
    egiptofilia – o gosto pelo exotismo e posse de coisas relativas ao Egito antigo
    egiptomania – reinterpretação e re-uso de traços da cultura do antigo Egito de uma forma que lhe atribua novos significados
    egiptologia – ciência que trata de tudo do Egito antigo. A busca e o culto pelos vestígios originais, daquela época, caracterizam a egiptologia. Conjuga ciência e imaginação, ao formar a sua substância e partir dos dados acadêmicos, do saber popular, transmitido por viajantes e escritores, e do repertório de crenças e mitos universais.

    Origem: livro 'Imagens do Egito Antigo' um estudo de representações históricas de Raquel dos Santos Funari e fotos: imagens Google.

    Fontes: http://leopoldina-emummundodistante.blogspot.com.br/2009/06/o-interesse-pelo-egito-faraonico.html 



  • Primeiras civilizações da história da África

    Em torno de 3.300 AC começam os registros da história da África com o florescimento da escrita na civilização faraônica do Egito Antigo. A civilização egípcia, uma da primeiras e mais duradouras da história, perdurou até 343 AC com diferentes graus de influência sobre outras áreas africanas ao longo do tempo. A influência egípcia se espalhou até onde é hoje a Líbia, norte de Creta, Palestina, e ao sul até o reino da Núbia. Outra grande civilização ao norte da África antes da conquista romana foi a de Cartago.

    Após a conquista do norte da África pelos romanos, essa área foi integrada economicamente e culturalmente ao resto do Império Romano. Assentamentos romanos foram feitos onde é hoje a moderna Tunísia e em outros lugares ao longo da costa do Mediterrâneo. O cristianismo se espalhou por essas áreas desde a Palestina via Egito, indo também mais para o sul, além das fronteiras do Império Romano até a Núbia e Etiópia.

    A história da África no começo do século sétimo foi marcada pela expansão do Califado Árabe Islâmico pelo Egito, e daí por todo norte do continente. Após a conquista do norte da África, o islamismo se expandiu para o sul do Saara principalmente através das rotas comerciais e migrações.

    África Subsaariana

    Denomina-se África-subsaariana a região que contêm os países africanos situados ao sul do deserto do Saara. Desde o século XIX, este território começou a ser conhecido com a expressão África Negra pelos ocidentais, descrevendo uma região habitada por indivíduos da raça negra que não havia sido descoberta ainda, nem colonizada pelos europeus. Este termo caiu em desuso e foi catalogado como pejorativo. Esta região do globo é tida como o berço da humanidade.


    Desde o fim da era do gelo, o norte e a região sub-saariana encontraram no deserto do Saara uma fronteira natural e quase intransponível, salvo pequenos atalhos como o rio Nilo. O termo sub-saariano encontra um sinônimo em África tropical, tentado destacar sua diversidade ecológica, ainda que a parte austral tenha um clima totalmente diverso.
    Os países que formam a região são: Congo, República Centro Africana, Ruanda, Burundi, África Oriental, Quênia, Tanzânia, Uganda, Djbouti, Eritréia, Etiópia, Somália, Sudão, África Ocidental, Benin, Burkina Faso, Camarão, Chade, Cote d’Ivoire, Guiné Equatorial, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné, Guiné Bissau, Libéria, Mauritânia, Mali, Níger, Nigéria, Senegal, Serra Leoa e Togo.
    A África sub-saariana é considerada por muitos como a região mais pobre do planeta, nesta parte da África estão localizados os países (33 dos mais pobres que existem) com grandes problemas estruturais sofrendo os graves legados do colonialismo, do neocolonialismo, dos conflitos étnicos e da instabilidade política. A expectativa de vida não ultrapassa os 47 anos, o índice de alfabetização de adultos atinge 63%, e o nível de escolaridade chega a 44%.
    O enorme crescimento populacional, durante a década de 1990, acarretou no aumento de pessoas vivendo em condições extremas de pobreza. Mais da metade da população sub-saariana, uns 300 milhões de pessoas, sobrevive com menos de um dólar por dia. Milhões destas pessoas vivem na mais absoluta pobreza, privados de água potável, moradias dignas, alimentos, educação e acesso à educação.
    A falta de água gera problemas devastadores para a região, além disso, a situação se agrava devido aos períodos de seca e pela desastrosa gestão dos recursos hídricos. Tudo isso causa fome e doenças, provocando o êxodo de muitos nativos.
    A África sub-saariana é a região mais afetada pelo HIV, nos últimos anos, numa faixa de terra que vai desde a África Ocidental até o Oceano Índico. Hoje existem mais de 35 milhões de órfãos na África sub-saariana, calcula-se que, destes, aproximadamente 11 milhões são órfãos pelo fato de seus pais terem morrido em decorrência de doenças causadas pelo vírus HIV.

    Fonte: http://www.infoescola.com/geografia/africa-subsaariana/

    terça-feira, 8 de maio de 2012

    Atividade Avaliativa

    Nome:_______________________________________________Série _________Nº_____
    Data____________________________  Atividade Avaliativa de História

    1- Onde fica a nascente do rio Nilo?
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    2- Qual a extensão do Rio Nilo?
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    3- Qual a importância do Rio Nilo para o Egito?
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    4- Como era utilizado o Shaduf?
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    5- Qual era o período de cheias do Rio Nilo?
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    6- Qual a importância da Pedra de Roseta para que os hieróglifos pudesse ser decifrados?
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    7- Quem Foi Champollion?
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    8- Como podemos ler os hieróglifos?
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    09- Quem era um escriba?
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    10- Quais eram as principais características da Religião do Egito Antigo?
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    11- Quem os principais deuses do Egito Antigo?
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    A PEDRA DE ROSETA


    A PEDRA DE ROSETA
    A Pedra de Roseta foi à chave que permitiu revelar os mistérios dos hieróglifos egípcios. As tropas de Napoleão descobriram-na em 1799 nas proximidades da cidade costeira de Roseta, no baixo Egito. A pedra acabou por ser transportada para o British Museum, em Londres, onde ainda se encontra.  
    Trata-se de um bloco de basalto preto que data de 196 A.C., inscrito pelos antigos egípcios, apresentando um selo real que louva o rei Ptolomeu V.

    A inscrição foi gravada por três vezes, em três diferentes expressões: uma em hieroglífico, uma em demótico e outra em grego.  
    Thomas Young, um físico britânico, e Jean François Champollion, um egiptólogo francês, colaboraram tendo em vista a decifração dos textos hieroglífico e demótico pela comparação com o texto grego, cujo sistema de signos é - e era - conhecido. Foi deste descarnado ponto de partida que uma geração inteira de egiptólogos conseguiu eventualmente decifrar boa parte do remanescente dos antigos escritos egípcios. 

    A capacidade de leitura dos hieróglifos perdeu-se por mais de um milênio e foi Jean-François Champollion, nascido em 23 de dezembro de 1790, em Figeac, uma pequena aldeia do sul da França, quem conseguiu decifrá-los de novo e integralmente, o que lhe valeu o epíteto de Pai da Arqueologia. 

    A chave principal da decifração foi a famosa Pedra de Roseta, descoberta em 1799 e que continha um decreto da época do faraó Ptolomeu V Epifânio (205 a 180 a.C.) grafado em hieróglifos, em demótico e em grego. Foi comparando esses escritos, usando seus excelentes conhecimentos da língua copta e estudando outras inscrições hieroglíficas, que ele conseguiu o feito notável de nos abrir o conhecimento dos meandros da civilização egípcia antiga e deu início à egiptologia científica.

    Provavelmente estimulado pela convivência com a biblioteca de seu pai, que era livreiro, Champollion demonstrou ser uma criança precoce. Com cinco anos de idade aprendeu a ler sozinho. 
    Tinha apenas 10 anos quando seu irmão mais velho, um arqueólogo, lhe mostrou uma reprodução daquela pedra e, diga-se de passagem, apesar de ter trabalhado com seu texto durante 14 anos, ele nunca conseguiu ver a pedra em si. Foi provavelmente por influência do irmão que o garoto desenvolveu a paixão por línguas em geral e pelo Egito em particular. 

    Ao examinar o texto, curioso, o menino encasquetou que um dia decifraria aquela estranha escrita: os hieróglifos. Esse desejo infantil tornou-se obsessão e ele se preparou para o feito: dedicou-se com afinco ao estudo das línguas antigas e orientais.

    Com 11 anos ganhou uma bolsa de estudos e ingressou no liceu de Grenoble, recém fundado. Aí o jovem estudante maravilha os mestres traduzindo e explicando com perfeição os versos, ainda que sutis, de Virgílio e de Horácio.  

    Não se dá bem com a matemática, e futuramente seu pai irá ajudá-lo nos cálculos da cronologia dos reinos dos faraós, mas, em compensação, revela um talento fora do comum para o entendimento de línguas. 
    Aprendeu, às vezes sozinho, árabe, hebreu, aramaico, siríaco, persa, etíope, caldeu, chinês, sânscrito, zende e copta. Com apenas 16 anos de idade apresentou à Academia de Grenoble um trabalho no qual defendeu que o copta talvez fosse uma & quotdeturpação" da língua falada no antigo Egito.  

    Em 1808 descobriu que 15 sinais da escrita demótica correspondiam a letras do alfabeto da língua copta e isso o convenceu de que o copta era a última etapa da língua faraônica. Dedicou-se, então, a ela com tal empenho que, em 2 de abril de 1809, encontrando-se em Paris para aperfeiçoar seus estudos de línguas, escreveu ao seu irmão: Sinto-me tão perfeitamente copta que, para me distrair, verso para esta língua tudo que me passa pela cabeça; falo copta sozinho já que ninguém poderia me entender.

    Hieróglifo ou Hieroglifo é cada um dos sinais da escrita de antigas civilizações, tais como os egípcios, os hititas, e os maias. Também se aplica, depreciativamente, a qualquer escrita de difícil interpretação, ou que seja enigmática. 

    Hieróglifo é um termo que junta duas palavras gregas: ἱερός (hierós) "sagrado", e γλύφειν (glýphein) "escrita". Apenas os sacerdotes, membros da realeza, altos cargos, e escribas conheciam a arte de ler e escrever esses sinais "sagrados". 

    A escrita hieroglífica constitui provavelmente o mais antigo sistema organizado de escrita no mundo, e era vocacionada principalmente para inscrições formais nas paredes de templos e túmulos. Com o tempo evoluiu para formas mais simplificadas, como o hierático, uma variante mais cursiva que se podia pintar em papiros ou placas de barro, e ainda mais tarde, com a influência grega crescente no Oriente Próximo, a escrita evoluiu para o demótico, fase em que os hieróglifos iniciais ficaram bastante estilizados, havendo mesmo a inclusão de alguns sinais gregos na escrita o suporte material era o papiro.